Apresentação
Idealizada pelo Artista Plástico e Curador Paulo Dud, coletiva, horizontal e de nível nacional, apresenta 98 artistas de 16 estados brasileiros, um grande mosaico de arte naïf, reunindo num só lugar artistas talentosos apresentando uma diversidade de criações atuais e do passado.
Nesta segunda edição Paulo convida para abrilhantar está curadoria além da estimada artista plástica, curadora e produtora cultural Rosângela Politano que já fez para da primeira edição, agora o respeitado artista plástico e curador Enzo Ferrara, formando assim um time de profissionais comprometidos com a arte. As obras que compõe esta edição são em sua maioria com peças que pertencem ao acervo dos três curadores, um tesouro que foi sendo construído ao logo de muitos anos por eles e agora se juntam na trama das “Raízes da Arte Naïf” apresentando este universo belo, poético e colorido.
2ªRaízes Da arte Naif
A cidade de Embu das Artes realiza uma exposição Coletiva de nível nacional com a participação de artistas naïfs de Embu das Artes, de outras cidades e estados do Brasil. Uma grande Mostra de arte naif, reunindo num só lugar, talentos de várias localidades do país, apresentando uma diversidade de criações artísticas atuais e do passado.
Os artistas naïfs são autodidatas e seguem seu próprio estilo de representação artística, sem formação acadêmica e possuem toda liberdade estética. A arte naif, de origem francesa, significa uma arte ingênua ou inocente, feita por artistas que criam dentro de um conceito popular, me refiro a uma arte feita pelo povo para o próprio povo, um estilo de arte onde o artista não está preocupado com a técnica, com a noção de perspectiva e proporcionalidade. O artista naif tem uma técnica que se baseia na experimentação instintiva e na expansão de um universo pessoal.
0 Movimento artístico de Embu das Artes que começou com Cassio M’Boy nos anos 1920 e eclodio nos anos 60, com Sakai do Embu, Mestre Assis do Embu, Solano Trindade, , Mestre Gama e muitos outros, que deram início ao movimento artístico da cidade.
Na pintura naif há uma grande diversidade de pioneiros e saudosos como Maria Auxiliadora da Silva, Acae, Luzia Caetano, Walter Senna,Wald-Mar Iwao Nakagima, Raquel Trindade,Olavo Camp’s, Godim, Irani Calheiros e muitos outros artistas que continuam o legado destes mestres como Raquel Galena, Ana Pinho , Célia Santiago, Mônica Alvarenga, Di Vanni, Tonia Do Embu, Jovino Gama, Aldophe, Silvia Maia, Renata Matusevicko, Flávia Oliveira, entre outros, que continuam contribuindo com suas obras naïfs.
Passado, presente e futuro da arte naïf
Primeiramente desejo comprimentar e declarar minha admiração ao idealizador desta exposição “Raízes da Arte Naïf ” o artista plástico e curador Paulo Dud que não mediu esforços para realizar mais uma edição deste projeto, assim como ao artista plástico Enzo Ferrara que compões ao meu lado este time de curadores.
Uma exposição de obras deste porte, onde comemoramos a beleza e a poesia da arte Naïf brasileira em Embu das Artes, cidade famosa pelos movimentos culturais, conhecida mundialmente como importante polo de produção de arte, é uma honra, mas, uma grande responsabilidade.
Tive o privilégio de morar em Embu por 10 anos, e a oportunidade de conhecer importantes artistas,carregando comigo fortes raízes embuenses.
A exposição que aqui apresentamos, tem como objetivo, contribuir com a valorização da arte naif, apresentando um mosaico com obras de quase 100 artistas, em sua maioria pertencente ao nossos acervos,um tesouro que foi sendo formado ao longo de muitos anos por nós e agora juntam-se na trama das ” Raízes da arte naïf ” , apresentando parte deste universo belo, poético e colorido com importantes representantes desta corrente, e um espaço especial para os novos talentos, que vão continuar pintando esta história, falando de um Brasil e seus artistas livres de regras, donos de uma incrível capacidade criativa para representar a si mesmo, com os mais variados temas , pois nosso país tem cor, alegria, tradições e manifestações suficientes para inspirar seu povo e despertar talentos de potencial único.
Neste ano que muito falou-se e comemoramos os 100 anos da semana de arte moderna, me lembrei do músico e folclorista Emídio de Souza Natural de Itanhaém (1868) considerado o primeiro artista naif brasileiro e outros iluminados como Mestre Vitalino, Djanira Motta, Poteiro, Maria Auxiliadora, Waldomiro de Deus, Di Vanni,Tania de Maya Pedrosa,Raquel Trindade, Índio da Cruz , Tito Lobo, que ajudaram a escrever mais de 100 anos de história da arte naif em nosso país, rodeados de desafios e preconceitos.
Devemos muito a esses artistas, devido suas trajetórias e resistências é que neste século XXl começamos a ganhar o respeito merecido e principalmente, nossos artistas cada vez mais ganham voz.
É possível notar claramente um movimento em torno da arte naïf no país, mostras, exposições, salões e bienais dedicados aí naïf vem oferecendo oportunidade ao artista desta estética que reflete a alma do povo brasileiro.
Existe ainda um longo caminho a ser percorrido pela arte naif, precisamos de investimentos, espaços, falas, debates, estudos, apreciadores e divulgadores. A arte precisa estar sempre em movimento, o artista precisa de motivo pra se manter inspirado e produtivo, só assim com muita luta e persistência vamos ver nossa arte naïf brasileira reconhecida como elemento de construção do
nosso povo, e valorizada como tesouros da nação.
A arte naïf hoje
O retorno ao território onde muitos artistas naïfs se encontraram e abriram caminho para toda uma nova geração de artistas naïfs, assim podemos definir a proposta da exposição Raízes da Arte Naïf em Embu das Artes.
Durante a década de 1960, ocorreu o importante movimento de artistas, inclusive os pintores naïfs, na região da Praça da República em São Paulo, onde se reuniam grandes nomes da arte naif nacional, como Ivonaldo e a família de Maria Auxiliadora, e era muito comum esse grupo de artistas visitarem o Embu das Artes, acompanhados de suas obras, e convidados pelo saudoso Solano Trindade, que iniciava um grupo de teatro formado por atores negros, inovador e transgressor. Foi assim que muitos artistas iniciaram um grande movimento em Embu e que continua até hoje.
Seria impossível pensar em produção de arte Naïf sem incluir as questões de nosso tempo, pois a arte Naif tem espaço para fazer a narrativa das questões atuais, como a política, as questões afirmativas e de gênero, a grande diversidade regional e cultural do povo brasileiro, suas conquistas e desafios.
Claro que ainda tem espaço para os temas comerciais, como circo, festa junina, festejos religiosos, carnaval, futebol e tantos outros temas da nossa cultura que tornam a arte Naif tão popular, mas também existe espaço para a inovação e criação de novos temas e propostas, afinal a arte Naif e o artista são dinâmicos e estão sempre em transformação.
Com tanta diversidade, ainda assim existe algo que nos une, como elos de uma corrente, e que promove o diálogo estético entre as obras, através do vibrante colorido tropical, dos contornos, das formas, temas e materiais. Algumas produções não existe a utilização de sombra, já em outros a sombra já é usada para destacar ainda mais a cor, uns não tem a utilização de profundidade e proporção, outros já conseguem utilizar essa técnica, e mesmo assim existe a harmonia no conjunto de obras.
Não pensamos da mesma forma, não trabalhamos com o mesmo material e nem todos tem os mesmos valores e mesmo assim existe a conexão.
Nesse momento em que se comemora o bicentenário da independência do Brasil e o centenário da semana de Arte Moderna de São Paulo, quão importante é relembrar as origens ou raízes da nossa arte.
E propor novas sugestões para a construção de um amanhã.
Multiplicidade da arte naif
Oscar D’Ambrosio
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.
O termo naif está fortemente vinculado à arte popular nacional e ainda não recebe a merecida valorização. A denominação inclui, de acordo com diversos autores, a produção por artistas não-eruditos, a partir de temas variados, inspirados tanto no meio rural como no urbano.
A designação abrange aqueles que rejeitam as regras convencionais das chamadas belas artes ou que não tiveram acesso a elas. As cores vivas, a imaginação, a estilização e, em alguns casos, um peculiar poder de síntese surgem com uma técnica que alguns consideram equivocadamente como rudimentar.
Em linhas gerais, pode-se dizer que a arte naif brota do inconsciente coletivo, mantém-se em constante renovação e se deixa penetrar por influências eruditas, embora conserve sua natureza própria. Sabedoria e sonho, portanto, se irmanam em obras difíceis de definir sob uma única catalogação.
Para efeitos didáticos, portanto, o naif estaria vinculado ao autodidatismo, ou seja, a técnicas adquiridas de modo empírico, à espontaneidade e à liberdade de expressão, que levam a um informalismo, à ausência de preocupação com aspectos estilísticos acadêmicos, como composição, perspectiva e respeito às cores reais.
Cada vez mais, porém vem ocorrendo um diálogo saudável entre a arte dita erudita e a naif. Para perceber e estudar melhor como isso ocorre, é preciso conhecer o maior número possível de artistas do Brasil e do Exterior, buscando as características que os aproximam e os diferenciam.
É possível assim identificar alguns expoentes do que há de artisticamente melhor, dando-lhes destaque, como ocorre nesta exposição, não somente como naïfs, mas colocando-os entre os principais nomes da arte nacional, sejam quais forem as categorias, estilos e nomenclaturas utilizadas.
OBRAS QUE COMPÕE O ACERVO DESTA SEGUNDA EDIÇÃO:
Fotos de Enzo Ferrara