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Cada xícara de café produzido no Brasil que você tomar, é um tributo ao amor e à dedicação 
cultivadas em nossas terras, por famílias desbravadoras, que passaram o seu legado através de
várias gerações. Do cuidado com a planta à colheita cuidadosa, cada grão é uma promessa de futuro.
Ao saborear nosso café, você está partilhando de nossa cultura, nossas tradições e nossa história.


Rosângela Politano

Pelos caminhos do Café
Aceita  café?
Que fruto é este?
A história do café em Socorro servida com arte
Prosa com a Dona Maria
Aceita um cafezinho
Meu interior
Cafezal em fIor
Cenas do Interior
Aceita um Cafezinho ..
Prosa com o Seu Zé
Um sonho com gosto de café
Passado, presente e futuro
Reconhecer e valorizar as dádivas recebidas
Fazenda Santana
Ficha catalográfica e Créditos

PELOS CAMINHOS DO CAFÉ

Esta exposição tem o café como assunto central, mas não se restringe a ele. Pelo contrário, trata-se do ponto de partida para uma reflexão sobre os diversos aspectos que estão ao seu redor, desde a sua origem até as memórias afetivas que traz para cada um de nós. O projeto de Rosangela Politano foi desenvolvido ao longo de quatro anos de pesquisa e, principalmente, da vivência com essa cultura, entendida tanto no sentido de cuidar do café desde o plantio até a colheita, passando pelos mecanismos que levam à sua chegada ao mercado nacional e internacional, ao simbólico. A artista representa histórias e cenas ligadas ao seu objeto de interesse. A origem exata do café é extremamente incerta, mas muitos estudiosos a remetem ao século IX, nas terras altas da Etiópia. Na Arábia, era chamado de “qahwah”, ganhando o nome de “koffiee” na Turquia, que passou, em holandês para “koffi”, que resultou no italiano “caffe”, que derivou em Portugal, no século XVI, em café. Seja qual for o nome, o café é uma bebida produzida a partir dos grãos torrados do fruto do cafeeiro, com processos de produção muitas vezes comparados ao do vinho, pois seu resultado final envolve diferentes aspectos de cultivo, colheita e torra dos grãos, relacionados inclusive com o clima da região em que os cafés são plantados. Segunda bebida mais consumida no Brasil após a água, o café tem até um Dia Nacional para ele. A celebração ocorre em 24 de maio. A data foi oficializada pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), em 2005. Não só lembra a bebida, mas homenageia o início da colheita do grão na maior parte das regiões cafeeiras do país. O projeto, portanto, apresenta plasticamente obras bi e tridimensionais que discutem as potencialidades estéticas, sociais, culturais e econômicas do café sob múltiplas perspectivas em que a arte gera um pensar sobre as relações dele com o Brasil, segundo país do mundo no consumo da bebida e primeiro na produção e exportação do café verde.

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais,
jornalista, crítico de arte e curador.

ACEITA UM CAFÉ?

A exposição que aqui apresento, intitulada “Aceita um café?” foi concebida como um convite para momentos de descontração, boas conversas e tudo que uma xícara de café pode nos inspirar. Sou uma artista privilegiada por ter a oportunidade de viver entre os cafezais, um tema tão inspirador. Vejo todos os anos a florada que cobre as serras como um véu de noiva e sinto o perfume delicado das flores. Acompanhando a produção, ouço histórias muitas vezes poéticas, mas também repletas de luta e trabalho árduo de famílias que se formaram em meio às plantações, e muitas vezes compartilharam comigo suas histórias mais íntimas. Devo confessar que o meu maior encantamento, é presenciar o sentimento do homem do campo, que cuida da terra com esmero e, mesmo com dificuldades, transborda em emoção e gratidão, e ainda prefere a simplicidade da vida na roça em meio às plantações que servem o homem da cidade. Passei 4 anos produzindo este acervo, mas já venho desenvolvendo trabalhos artísticos com este tema há 30 anos, desde que resolvi sair dos grandes centros urbanos e ir morar na roça. A exposição tem uma base de pesquisa, mas as obras foram inspiradas principalmente nas minhas vivências, muitos anos morando em meios aos cafezais encravados na Serra da Mantiqueira, mais precisamente na cidade de Socorro, no interior do estado de São Paulo, acompanhando o movimento desta cultura, onde tudo me fascina, a terra, o homem do campo, o cuidar, a florada, a colheita, a seca, a geada, o processamento, o comércio e cada detalhe. O acervo conta com pinturas, esculturas, instalações e objetos ligados à cultura do café e da história em torno deste grão que, segundo dizem, foi descoberto cerca de 575 d.C. por Kaldi, um pastor etíope que alimentou suas cabras com as cerejas maduras do café e notou que seus animais ficaram animados e com mais energia depois de ingerir os frutos. Assim, o café foi despertando cada vez mais interesse e o grão rolou pelo mundo, sendo atualmente a segunda bebida mais consumida em todo o planeta. A exposição tem um foco no Brasil que atualmente é um dos principais produtores e exportadores de café do mundo, graças ao bandeirante Francisco de Melo Palheta, que foi o responsável por trazer as primeiras mudas e sementes do fruto para o país, plantadas inicialmente no estado do Pará. De lá as sementes foram espalhadas pelo Brasil até encontrar a terra e o clima favorável para que, rapidamente, uma das maiores produções de café mundial cobrisse o solo brasileiro.

Rosângela Politano

QUE FRUTO É ESTE?

Era uma vez Kaldi, um pastor que viveu na Etiópia por volta de 575 d.C.
Um dia ele notou que, após comerem alguns frutos avermelhados, suas cabras ficavam mais ativas e alegres Kaldi levou a informação para os monges que, à princípio, pensaram que era feitiçaria e mandaram queimar todas as plantas, mas depois, sentindo o aroma do café torrado, eles as salvaram e começaram a usá-las em infusões e beber para resistir alongas horas de orações.
A notícia se espalhou pela cidade e todo mundo começou a tomar café por lá, não precisava nem coar, bastava o pó assentar no fundo da xícara e já podia tomar.
Mas foi a Arábia Saudita, mais precisamente o Iêmen, responsável pela propagação da bebida. Isso porque o cultivo do grão assumiu grande importância econômica e era mantido como um segredo pelos árabes, já que muitos acreditavam em suas habilidades milagrosas.
Daí em diante o café começou a espalhar-se pelo mundo, ao que parece, foram os holandeses os responsáveis por transportar as amostras da planta pelo mundo, já que no século XVI eles tinham o controle do comércio europeu e os melhores navios.
Não existiria tanta história do café se não existissem as cafeterias e a Turquia tem um papel de relevância nessa trajetória. Pode-se dizer que o país foi responsável pela difusão da bebida no mundo, uma vez que em 1475 criou a primeira cafeteria: o Kiva
Han, e assim as charmosas cafeterias também se espalharam pelo mundo, e algumas relíquias ainda em funcionamento, como o Caffé Florian na Itália, fundada em 1720, um marco de Veneza.
Depois de muito caminhar, o grão chegou ao Brasil no século XVIII, em 1727, após uma viagem à Guiana Francesa feita pelo sargento-mor Francisco de Melo Palheta por interesses comerciais. Dizem que depois de seduzir uma bela
dama, a mesma lhe presenteou com 1000 sementes e algumas mudas de café.
Mas o desenvolvimento do café no Brasil ainda demorou um pouco. Por não se adaptar ao clima da região norte onde começou a ser cultivado, quase que acabaram todas as sementes. Mas quando finalmente o grão chegou nas divisas entre os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, o café encontrou o clima perfeito e a terra fértil que precisava, e a partir daí os cafezais se estenderam pelo Vale do Paraíba e em pouco tempo fizeram do Brasil um dos maiores produtores de café do mundo.

Rosângela Politano


 

A HISTÓRIA DO CAFÉ EM SOCORRO SERVIDA COM ARTE

É com grande honra e alegria que resolvi apoiar o projeto da exposição “Aceita um café?”, uma ode visual à rica herança histórica e cultural das tradições e dos costumes do cultivo de café que deram forma à identidade de nossa querida cidade de Socorro. Ao nos aprofundarmos na saga do café em Socorro, encontramos não apenas uma narrativa de plantações exuberantes e grãos aromáticos, mas também um relato envolvente sobre os indivíduos que forjaram essa paisagem. Socorro foi enriquecida culturalmente pela chegada dos imigrantes portugueses e italianos, trazendo consigo não apenas tradições e costumes, mas também inovações preciosas no cultivo e manejo dos cafeeiros. Essa força cultural somada ao trabalho dos meeiros de café, com sua dedicação e labor incansável, foram os pilares dessa indústria, contribuindo significativamente para o crescimento econômico e social de nossa região. Suas histórias de resistência e determinação ressoam através das gerações, formando a espinha dorsal sobre a qual muitas famílias se estabeleceram e elevaram. O trabalho da artista Rosângela Politano reúne obras que celebram de maneira viva e apaixonante essa história da cultura cafeeira, tão relevante e íntima, em conexão com a história do café e das famílias que aqui prosperaram. Neste catálogo, você será guiado através de uma jornada visual e emocional, capturando a essência dessa rica história. Cada traço de pincel captura não apenas a beleza visual do café, mas também a energia pulsante das vidas que foram transformadas por ele. Cada quadro e cada peça oferecem um vislumbre da paixão que permeia as plantações, das histórias que ecoam nas antigas fazendas e dos rostos sorridentes que continuam a colher os frutos deste legado de trabalho e realização. A história de muitas famílias, assim como a nossa, se mistura com a história da cultura de café e, principalmente, com a cultura do trabalho incansável, capitaneado desde as primeiras gerações de imigrantes. Convido você a folhear este catálogo não apenas um olhar apreciativo, mas também com o coração aberto para absorver as tradições, os aromas e os sabores que definem Socorro e seus bairros produtores de café, como o querido e estimado bairro do Serrote. Que este catálogo seja mais do que uma simples coleção de obras; que seja uma janela para o passado, um tributo aos que vieram antes de nós e uma inspiração para as gerações vindouras.

Com estima e gratidão,
Marcio de Oliveira Santos Filho

Every single cup of Brazilian coffee
you taste can be considered a
tribute to the love and dedication
with which pioneer families built
their legacies throughout many
generations.
From caring for each individual plant
to harvesting the magic of coffee,
each grain is on its own a promise of
a brighter future.
As you savour our coffee you are
actually sharing and taking part in
our culture, traditions and history.
Tradução: Pedro Cruz
Cada taza de café producido en
Brasil que bebes es un homenaje
al amor y la dedicación cultivados
en nuestras tierras, por familias
pioneras que transmitieron
su legado a través de varias
generaciones.
Desde el cuidado de las plantas
hasta la cuidadosa cosecha, cada
grano es una promesa de futuro.
Cuando pruebas nuestro café
estás compartiendo nuestra
cultura, nuestras tradiciones y
nuestra historia.
Tradução: Miren Edurne
您喝的每一杯巴西生產的咖啡都是對
我們土地上培育的愛和奉獻的致敬,
這些先驅家庭將他們的遺產代代相
傳。從植物的照料到精心收穫,每一
粒穀物都是對未來的承諾。當您品嚐
我們的咖啡時,您正在分享我們的文
化、傳統和歷史。

Tradução: Grupo Cafeza

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